Paixões perdidas no tempo




Dizia o poeta que a paixão entre dois seres que se amam é um estado de insanidade mental passageira que tende a acalmar à medida que o fogo vai se extinguindo.

Porém, enquanto dura, propicia aos envolvidos uma "louca experiência no âmbito do amor desenfreado".

No entanto, existem paixões que fazem história no calendário do tempo.

Intensa sintonia que é capaz de virar séculos ou milênios perseguindo sempre o mesmo ideal do reencontro, para que os envolvidos voltem a experienciar a mesma intensidade de emoções em que corpos fundem-se em uma só alma.

A saudade do(a) amado(a) e as lembranças da intensidade dos encontros apaixonados, pode levar o ser que desencarna repentinamente a um obsessivo quadro de fixação ao objeto desejado, mantendo essa sintonia perdida nos labirintos da imortalidade do espírito e do tempo.

Com a sintonia fixada no passado, a dama do século XVIII foi trazida pela equipe espiritual à reunião mediúnica de encarnados para que fosse orientada em relação a sua real situação.

Vestia um elegante traje de época e quando falou através da médium, tinha consciência do que acontecera consigo, porém, não conseguia libertar-se da sintonia que a mantinha presa ao trágico acontecimento do pretérito, quando fora uma jovem da nobreza local que apaixonara-se por um plebeu, resultando dessa paixão proibida, um desfecho fatal, sendo assassinada por membro da família no lugar onde costumava encontrar-se com seu amado.

Na letra da canção "Imortality" (imortalidade), interpretada por Celine Dion, encontramos o intenso sentimento da paixão representado pelo sonho de perseguir até mesmo na imortalidade da alma, o obstinado desejo do reencontro:Então é assim que sou

E isto é tudo que sei

E sei que devo escolher o viver

Por tudo que posso dar

É a faísca que faz o poder crescer

E eu defenderei meu sonho se puder

Ele é o símbolo de minha fé em quem eu sou

Mas você é meu único sonho

E devo seguir a estrada que está à frenteE não deixarei meu coração controlar minha cabeça

Mas você é tudo que está dentro dela

E assim não dizemos adeusNão dizemos adeus

E eu sei que tenho de serImortalidade

No segmento, a distinção de identidades e de níveis dimensionais entre os dois seres envolvidos na energia da paixão, parece não fazer sentido para ela, à medida que considera a imortalidade da alma e a simbiótica relação passional, um observatório onde poderá visualizar no horizonte da esperança, o tão desejado reencontro com a pessoa amada:

Eu farei minha viagem através da eternidade

E guardarei a lembrança de nós dois aqui dentro

Cumpra seu destinoMinha tempestade jamais passará

Minha fé está com o vento

Com o rei de copas, com o curinga

Mas nós simplesmente não dizemos adeus

Não dizemos adeus

Pois encontrei um sonho que deve se tornar realidade

Mas você é meu único sonhoHá uma visão e uma chama em mim

Eu guardo a lembrança de nós dois aqui dentro

E nós simplesmente não dizemos adeus

Não dizemos adeus

Com todo meu amor por você

E como o que mais façamos

Não dizemos adeus

A fonte que alimenta o amor passional é a mesma fonte que alimenta o amor abrangente, contudo, somos nós que fizemos as nossas escolhas de acordo com o livre arbítrio e o grau de percepção, desprendimento e discernimento da consciência.

Nesse âmbito, nada acontece por acaso ou contrário à nossa vontade.

Portanto, o sentimento de amor é a experiência mais intensa vivenciada pelo espírito. Sentimento que exige na escola da vida, níveis de aprendizados inseridos na escala evolutiva do ser.

E a experiência da paixão é importante para que possamos tirar as lições necessárias para o nosso crescimento, pois é através das experiências de prazer, dor e sofrimento provocados por um relacionamento intenso, mas, sobretudo transitório, que poderemos abrir as portas da percepção - e do coração - para a possibilidade de sintonizarmos um nível de amor menos intenso, mais sutil e equilibrado... e também eterno: o amor incondicional!

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